
OÂ Departamento de Letras Modernas, da Unesp de Assis promove o evento II ECLAA – Encontro Cultural de Língua Alemã de Assis de 7 a 9 de maio. Informações acesse aqui.
Entre as atividades programadas, dia 8, às 21 h, haverá a apresentação de peça teatral Bertold Brecht no Teatro Municipal de Assis. Para assistir ao espetáculo, basta levar 1 kg de alimento não perecível.
A apresentação, intitulada Marie, foi criada em 2011 no Departamento de Artes Cênicas da ECA-USP. O processo criativo teve por inspiração um poema do jovem Bertolt Brecht, A Infanticida Marie Farrar (Von der Kindermörderin Marie Farrar), escrito em 1926 e publicado originariamente em um de seus primeiros livros de poesia, O Livro de Devoção Caseira (Die Hauspostille).
O livro corresponde a uma das primeiras fases do autor, marcada pela proximidade com o expressionismo alemão. Ali, o jovem Brecht manifesta com força impressionante o homem urbano oprimido pela modernidade, esmagado entre as novidades destrutivas do  progresso e a persistência da velha barbárie. O poeta ainda não enxergava possibilidade de transformação do homem sobre o aparente caos do mundo, contudo, mesmo nesse período é possível entrever em Brecht uma espécie de esperança no homem e em sua capacidade de insurgência, que se manifestam muitas vezes como o gosto pela vida e pela subversão da ordem opressora.
A Infanticida Marie Farrar é um poema narrativo que conta a história de uma menina órfã, menor de idade, “fraca e rejeitada”, que trabalha como empregada. Uma pequena criança abandonada à sua própria sorte e que, em tempos sombrios, de crise e desemprego, percebe-se grávida. Após sucessivas tentativas malogradas de aborto, Marie mata o filho assim que ele nasce. Diante do trágico fato, Brecht, ao longo do poema, busca mostrar o avesso da história, isto é, as circunstâncias em torno do atroz infanticídio: o trabalho exaustivo e sem descanso, o desamparo, a solidão e a miséria que a circundava.
A partir da discussão em torno deste material, e valendo-nos dos expedientes do chamado processo colaborativo, o grupo criou a dramaturgia e encenação do espetáculo por meio de improvisações, experimentações em vídeo, composições musicais e debates sobre correlatos atuais deste tema.
Ao longo de 2011 e 2012 o grupo foi selecionado e participou de diversos Festivais e Mostras de teatro (Mostra Luta; Mostra TUSP Experimentos; 25º FITUB; Circuito TUSP de teatro; Mostra Teatro e Universidade, no Teatro de Arena etc.) e apresentou-se em sedes de grupos e movimentos sociais em São Paulo.
Durante esta trajetória continuou a desenvolver o trabalho de criação de modo a manter o processo operante e conjugar as experiências das apresentações com uma investigação cênica cada vez mais vertical.
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