Os resultados das eleições de 2024 trouxeram um cenário desafiador para candidatos ligados ao esporte. Figuras conhecidas do futebol e de outras modalidades tiveram dificuldades para conquistar o eleitorado e, ao final da votação, nenhum deles conseguiu se eleger para os cargos de prefeito ou vereador.
Entre os mais comentados estavam Marcos Braz, vice-presidente de futebol do Flamengo, e o tetracampeão mundial Bebeto, mas a influência no campo não se traduziu em sucesso nas urnas.
Rio de Janeiro: Desempenho fraco de Marcos Braz e Bebeto
No Rio de Janeiro, onde houve grande expectativa em torno dos candidatos esportivos, o resultado foi decepcionante. Marcos Braz, que tentava a reeleição como vereador, recebeu apenas 8.151 votos, uma queda drástica de mais de 80% em relação à eleição anterior. Braz sempre contou com o apoio da torcida rubro-negra, mas esse suporte se desgastou após uma série de polêmicas e críticas à sua gestão no departamento de futebol do Flamengo. Nos últimos dois anos, o clube não conseguiu grandes conquistas.
Outro nome de peso no Rio foi Bebeto, ídolo do futebol brasileiro e tetracampeão mundial em 1994. Concorrendo pelo PSD, o ex-jogador somou 8.125 votos, número insuficiente para garantir uma vaga na Câmara Municipal. A queda de Bebeto reflete um cenário em que, mesmo com toda a sua história de sucesso nos campos, a ligação com o esporte não foi suficiente para conquistar os eleitores cariocas.
Cacau Cotta, ex-diretor do Flamengo, também esteve na disputa, mas recebeu 3.638 votos e ficou longe da eleição. Além dele, outro nome ligado ao esporte no Rio, o lutador de Jiu-Jitsu Ralph Gracie, que concorreu pelo PRD, teve uma votação ainda mais baixa, com apenas 1.422 votos.
São Paulo: Datena e Tandara enfrentam frustração nas urnas
Em São Paulo, os resultados não foram diferentes para os candidatos com trajetórias no esporte e na mídia esportiva. O ex-cronista José Luiz Datena, que tentava a prefeitura da cidade, terminou em quinto lugar, com 111.170 votos, e não conseguiu avançar para o segundo turno. Já entre os candidatos a vereador, a ex-jogadora de basquete Kelly, medalhista de bronze nas Olimpíadas de Sydney 2000, recebeu 309 votos, uma votação muito abaixo das expectativas.
Por outro lado, a medalhista de ouro nas Olimpíadas de Londres 2012, Tandara, que competiu pelo PL, também não teve sucesso, somando 1.883 votos. Mesmo com seu histórico de vitórias no vôlei, Tandara não conseguiu mobilizar um número suficiente de eleitores.
Atletas também sofrem derrotas em outras regiões
Outras cidades do Brasil também tiveram candidatos ligados ao esporte que enfrentaram dificuldades nas urnas. Em Belo Horizonte, o ex-jogador do Cruzeiro Roberto Gaúcho, que brilhou nos anos 90, não foi eleito, somando 1.197 votos. Em Porto Alegre, dois ex-jogadores do Internacional, Claiton Capitão do Esporte e Uh Fabiano, também ficaram distantes de uma vaga na Câmara Municipal, com menos de 1.000 votos cada um.
Em Salvador, os ídolos do Bahia Beijoca e João Marcelo, ambos nomes importantes na história do clube, também não tiveram sucesso. Beijoca, que fez parte do heptacampeonato baiano, recebeu 668 votos, enquanto João Marcelo obteve ainda menos, com 354 votos.
O que revelam as derrotas dos esportistas nas eleições
A derrota de figuras tão populares ligadas ao esporte revela uma tendência de distanciamento entre os eleitores e candidatos esportivos. A associação com grandes conquistas no futebol, basquete ou lutas não foi suficiente para garantir o sucesso nas urnas. Muitos dos candidatos encontraram obstáculos para transformar sua relevância esportiva em apoio político, especialmente em um ambiente onde controvérsias extracampo, como as enfrentadas por Marcos Braz, minaram a confiança do público.
Em um contexto político cada vez mais complexo, os eleitores estão exigindo mais do que apenas fama e conquistas no campo, buscando candidatos com propostas claras e respostas às suas demandas sociais e políticas.