Além dos esportes: bets agora incluem candidatos ao Nobel de Literatura 2024

Da chinesa Can Xue ao romeno Mircea Cărtărescu, a diversidade de estilos marca a lista dos principais candidatos ao prêmio deste ano.

Se os prognósticos dos apostadores se confirmarem, o Nobel de Literatura 2024 será entregue a uma escritora não europeia. De acordo com sites que compilam informações das principais casas de apostas, três autores de fora do continente europeu estão entre as cinco favoritas ao prêmio. Entre elas, Can Xue, da China e Gerald Murnane, da Austrália, se destacam no topo do ranking.

Após dois anos seguidos premiando autores europeus, a expectativa é de que, em 2024, a Academia Sueca opte por uma voz de fora da Europa. Na Betsson, o escritor Gerald Murnane, da Austrália, lidera as odds: 4.50.

O autor lançou seus primeiros livros nos anos 70, mas o mais famoso saiu em 1982: “As Planícies” (publicado no Brasil pela Todavia em 2024), um romance sobre um cineasta no interior da Austrália. Em 2018, seu romance autobiográfico “Border Districts” foi finalista do Prêmio Miles Franklin.

O prêmio será atribuído no dia 11 de outubro, por isso as casas de apostas estão aceitando os palpites até esta quinta-feira, dia 10.

Escritoras de diferentes continentes lideram as apostas

 Faz muito tempo mesmo: primeira cerimônia do Nobel foi em 1901. No entanto, foi só a partir do ano 2000 que oito mulheres conquistaram o prestigiado Nobel de Literatura, considerado o mais importante prêmio anual do mundo literário.

Nos últimos 10 anos, quatro dessas autoras receberam o reconhecimento: a bielorrussa Svetlana Alexiévitch, em 2015; a polonesa Olga Tokarczuk, em 2018; a norte-americana Louise Glück, em 2020; e a francesa Annie Ernaux, em 2022.

No ano passado, o escritor norueguês Jon Fosse foi o vencedor da premiação. Se o júri seguir a lógica de intercalar escritores homens e mulheres, tentando reparar as décadas transcorridas sem que nenhuma autora ganhasse, as chances ficam ainda maiores de uma escritora não-europeia ganhar.

Em segundo lugar na lista de favoritos, aparece a grande aposta no cenário chinês: Can Xue, escritora aclamada por sua prosa experimental.

Ela tem rompido com o realismo tradicional criando romances e contos que mergulham em temas no campo dos sonhos e da irrealidade e trazendo uma perspectiva única para a literatura contemporânea.

Can Xue traz à tona a obra “Histórias de amor no novo milênio”, que será publicada no Brasil em breve, marcando sua estreia no país. A escritora também se destaca por seu legado familiar, marcado pela perseguição política durante a Revolução Cultural na China.

Outra candidata forte é a japonesa Yoko Tawada, conhecida por escrever tanto em japonês quanto em alemão. Seus livros, como “Memórias de um urso-polar”, já foram publicados no Brasil e têm sido amplamente elogiados pela crítica.

Tawada, que vive na Alemanha, explora em suas obras temas como o isolamento e as relações entre humanos e animais, sempre com uma abordagem criativa e diferenciada.

Can Xue favorita nas apostas ao Nobel

Os favoritos a longo prazo: realismo mágico e colonialismo em pauta

Embora as mulheres dominem as apostas, Mircea Cărtărescu, da Romênia, está bem firme entre os favoritos. Com obras como “Nostalgia” e “Solenoide”, o romeno é celebrado por sua prosa intricada, que mistura realidade e fantasia.

Não por acaso, um dos seus autores favoritos é o contista argentino Jorge Luís Borges, que introduziu ao mundo o realismo fantástico, no que foi chamado de “boom latino-americano”.  

Outra de suas influências é o tcheco Kafka, aquele da “Metamorfose”, publicada em 1915. Tanta ligação com os clássicos tradicionais garante a Cărtărescu uma posição frequente nas listas de candidatos ao Nobel.

Ngũgĩ wa Thiong’o, do Quênia, também é um nome recorrente nas previsões. Conhecido por abordar o colonialismo e suas consequências na África, seu livro “Um grão de trigo” é um dos mais importantes sobre o tema.

O autor, que foi preso em 1977 por críticas ao governo queniano, continua a ser uma figura central na literatura mundial, refletindo sobre a história e as feridas abertas do continente africano.

Diversidade cultural marca os favoritos de 2024

Apesar do domínio de escritores de fora do norte global, Haruki Murakami, do Japão, e o francês Michel Houellebecq ainda aparecem bem colocados na lista de favoritos.

No entanto, a expectativa é que, após dois prêmios consecutivos para autores europeus (Jon Fosse em 2023 e Annie Ernaux em 2022), a Academia Sueca premie alguém de fora do continente, celebrando a pluralidade literária global.

Entre os latino-americanos, o argentino César Aira é o nome mais bem posicionado, ocupando o décimo primeiro lugar. Outros candidatos mencionados incluem o chileno Raúl Zurita e o americano Thomas Pynchon.

Com essa lista diversificada de nomes, o Nobel de Literatura 2024 promete ser mais uma oportunidade de destacar vozes que ampliam a visão sobre a literatura global, refletindo questões sociais, políticas e culturais de suas respectivas regiões. Se você quiser dar mais que um palpite na Champions League, essa é a sua chance de diversificar!

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