Os 17 pontos que separam o São Paulo do Palmeiras na classificação sugerem um amplo favoritismo são-paulino no clássico deste sábado, a partir das 16 horas, no Morumbi. Mas a frieza dos números esconde o atual momento das equipes. O dono da casa ainda não apresentou uma regularidade digna de um time que ocupa o alto da tabela e o visitante chega fortalecido com três vitórias – duas no Brasileirão e uma na Copa Sul-Americana – sob o comando do técnico Gilson Kleina.
“Todo jogo contra o Palmeiras é complicado, independentemente da situação em que eles se encontram na tabela. Falamos de um clássico, de um grande time e sabemos que nunca teremos vida fácil. Precisamos estar ligados o tempo todo. Eles vêm em um momento de grande evolução com seu novo treinador. Acredito que será um jogo muito bonito de se ver”, analisou o lateral Cortez, um dos titulares do técnico Ney Franco no São Paulo.
A pressão já começou antes mesmo de a bola rolar. Os palmeirenses entraram com um protesto formal na CBF solicitando a troca do árbitro Paulo César de Oliveira, alegando que ele frequentemente prejudica a equipe. Temendo que as reclamações influenciem o árbitro, o São Paulo respondeu prontamente e criticou a atitude.
“O que foi feito pelo Palmeiras é coisa da década de 60, é mais antigo do que bola rolando. Todo esse ‘bafafá’ em relação ao árbitro é estratégia para influenciar a arbitragem. Ainda bem que é o Paulo, que considero um dos melhores árbitros do País e não será influenciado”, alfinetou Ney Franco.
Polêmicas à parte, o treinador do São Paulo resolveu abrir mão do sistema mais ofensivo e vai reforçar o meio-de-campo com o volante Wellington no lugar do meia Maicon. Lucas e Osvaldo atuarão mais recuados e caberá a Luis Fabiano, que volta de contusão, fazer os gols.
A baixa é o zagueiro Rhodolfo, que cumpre suspensão pela expulsão contra o Coritiba – Edson Silva fica com a vaga. Ciente da posição complicada do adversário na tabela, o treinador projeta usar o nervosismo como uma arma a seu favor. “Quando uma equipe está fragilizada em termos de pontuação, como é o caso do Palmeiras, pode-se perder o equilíbrio na partida. Não teremos um jogo fácil, a troca deles mexeu com a parte tática e técnica e estão motivados. Sabemos que se marcarmos bem mexeremos não só com a parte técnica e tática como também a emocional”, disse Ney Franco.
Do lado palmeirense, o projeto é conquistar no mínimo um empate para não quebrar a reação das últimas rodadas. Embora precise somar o máximo possível de pontos para não ampliar a angústia da luta contra o descenso, o julgamento é que somar ao menos um em território adversário não será mau negócio. “O melhor resultado é fazermos nossa missão, seja com vitória ou pontuando. O São Paulo está na parte de cima da tabela e tem números muito melhores, mas estamos numa crescente”, afirmou Gilson Kleina, que tenta conquistar sua quarta vitória consecutiva no comando do Palmeiras.
Respeito mútuo
Os dois treinadores sabem que do outro lado têm jogadores que podem decidir sozinhos o clássico deste sábado. No São Paulo, Ney Franco decidiu mexer no time para tentar frear as investidas de Valdivia, que está empolgado com a sequência de sete partidas consecutivas sem sofrer uma lesão, algo inédito no ano. Além disso, Marcos Assunção é um perigo na bola parada e Barcos já mostrou diversas vezes que sabe fazer gols como ninguém – contra o São Paulo, foram dois do argentino em dois jogos na temporada.
Já no Palmeiras, Gilson Kleina não deve mexer no esquema tático – o zagueiro Thiago Heleno (machucado) e o atacante Maikon Leite (suspenso) não jogam -, mas faz questão de alertar sua equipe para tomar cuidado com Luis Fabiano, por seu faro de gol, e com Osvaldo e Lucas pela velocidade e facilidade para driblar. “Não dá para marcar só um deles, todos vivem uma boa fase”, avisou o treinador.