O calendário do futebol europeu está cada vez mais cheio, e a situação já gera preocupações entre os jogadores. Atletas de Manchester City e Real Madrid podem enfrentar até 79 partidas na temporada 2024/25, uma carga que muitos consideram insustentável. A inclusão do novo formato da Champions League e do Mundial de Clubes só agrava a situação, aumentando as pressões sobre os atletas e as chances de uma possível greve.
Cresce a insatisfação dos jogadores
Rodri, meio-campista do Manchester City e destaque da última Eurocopa, foi um dos primeiros a se manifestar publicamente contra o calendário excessivo. Ele afirmou que os jogadores estão “no limite” e que, se nada mudar, uma greve pode ser inevitável. Sua fala repercutiu fortemente no meio esportivo, com outros jogadores se juntando ao coro.
O goleiro Alisson, do Liverpool e da seleção brasileira, também criticou a falta de diálogo com os atletas. “Nós não somos ouvidos”, desabafou o jogador, evidenciando o crescente mal-estar entre os principais nomes do futebol europeu. Kevin De Bruyne, meia belga do Manchester City, reforçou as críticas, mencionando a falta de tempo para descanso e preparação adequada antes das competições.
Mais competições, mais jogos e menos descanso
Além da Champions League, que adotará um novo formato com mais jogos, a UEFA introduziu uma nova fase de mata-mata na Nations League, aumentando ainda mais o número de partidas em datas Fifa. Como se não bastasse, o Mundial de Clubes de 2025 contará com 32 equipes, trazendo ainda mais compromissos para os clubes que chegarem longe nas competições.
O técnico do Real Madrid, Carlo Ancelotti, também expressou preocupação.
“O calendário é exigente demais. Se não reduzirem o número de jogos, teremos problemas sérios. É preciso pensar na saúde dos jogadores”, comentou o treinador italiano.
Impacto na saúde dos jogadores
Um estudo recente da FIFPro, sindicato internacional dos jogadores de futebol, mostrou que 54% dos atletas monitorados enfrentaram uma carga de trabalho excessiva na temporada passada. Mais de um terço deles jogou mais de 55 partidas no ano, incluindo compromissos por seleções. A pesquisa também revelou que muitos jogadores enfrentaram sequências de até seis semanas com duas partidas ou mais por semana.
Julián Álvarez, atacante do Atlético de Madrid, foi um dos que mais sofreu na temporada anterior, jogando 75 partidas e sendo relacionado para 83. Ele passou 88% do seu tempo de trabalho envolvido em atividades ligadas ao futebol. Situação semelhante viveu Cristian Romero, do Tottenham, que percorreu mais de 162 mil km em compromissos profissionais, o equivalente a quatro voltas completas na Terra.
As consequências
Maheta Molango, CEO do sindicato dos jogadores na Inglaterra e membro da FIFPro, afirmou que a revisão do calendário é urgente.
“Quem teve férias adequadas voltou motivado e em boa forma, como Haaland e Salah. Já aqueles que não descansaram, parecem exaustos antes mesmo da temporada começar”, observou.
Em um evento recente em Sevilha, a associação das Ligas Europeias expressou que “a ação legal é agora o único passo responsável para proteger o futebol”, diante das decisões unilaterais da Fifa. O sindicato de jogadores da Inglaterra, por sua vez, garantiu apoio total às manifestações dos atletas e deixou aberta a possibilidade de uma greve.
Futuro dos atletas
A FIFPro, respaldada por especialistas, recomenda um limite de 55 partidas por temporada, número que já está sendo ultrapassado por muitos jogadores de elite. O caso de Phil Foden, do Manchester City, e Federico Valverde, do Real Madrid, é emblemático: ambos podem atingir 77 jogos em 2024/25. Se nada for feito para ajustar o calendário, a saúde dos jogadores estará em risco, e o futebol, enquanto espetáculo, também poderá sofrer as consequências.
A possibilidade de uma greve, levantada por vários jogadores e endossada pelos sindicatos talvez necessária para que as entidades que regem o futebol finalmente ouçam quem está em campo. Se não houver mudanças, o futuro das estrelas do futebol europeu pode estar comprometido.