Vinicius Jr. Lidera Luta Contra o Racismo: ‘Se eu enfrentar sozinho, o sistema vai me esmagar’

Em uma emocionante entrevista ao jornal francês "L'Équipe", Vinicius Junior enfatizou a necessidade de apoio coletivo para combater o racismo no futebol, criticando entidades como a FIFA, a UEFA e a LaLiga por não agirem de maneira eficaz contra o problema.

O atacante brasileiro do Real Madrid, Vinicius Junior, tem sido alvo de injúrias raciais na Espanha e não pretende lutar contra o racismo no futebol sozinho.

O jogador de 23 anos ressaltou que a luta contra o racismo é um esforço de todos e que ele está determinado a fazer sua parte para garantir que as gerações futuras possam jogar em paz, sem o peso do preconceito racial.

O Chamado por Apoio

Na entrevista ao “L’Équipe”, Vinicius Junior deixou claro que enfrentar o racismo sozinho é uma tarefa árdua e, muitas vezes, insustentável. O jovem talento brasileiro enfatizou que a união de pessoas influentes e organizações é fundamental para que a luta contra o racismo seja eficaz. 

Ele mencionou nomes como o presidente do Brasil, Lula, o presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, e outros astros do futebol, como Kylian Mbappé e Neymar, como figuras cujo envolvimento tem um peso significativo na conscientização e na busca por soluções.

Quando estamos todos juntos, quando pessoas importantes abordam o assunto, como o presidente do Brasil (Lula), como o presidente da UEFA (Aleksander Ceferin), como Kylian (Mbappé), como Neymar, grandes jogadores, como Rio Ferdinand, que sempre me escreve e está comigo nessa luta, isso necessariamente tem mais peso.” – Vinicius Jr.

Entretanto, Vinicius também expressou sua frustração com o fato de que, muitas vezes, o apoio dado por essas entidades desaparece quando a atenção midiática diminui. Ele apontou que a FIFA e a UEFA enviaram mensagens de apoio durante o incidente de racismo que sofreu, mas não mantiveram um compromisso constante com a causa. Isso ressalta a necessidade de um engajamento contínuo, ao invés de uma abordagem pontual.

Os Desafios da Conscientização

Vinicius Junior reconhece que a luta contra o racismo é uma questão complexa. Ele destacou a importância de aprender mais sobre o racismo a cada dia e de garantir que as próximas gerações não vejam o racismo como algo normal. O jogador está empenhado em criar um mundo onde os racistas se tornem uma minoria e onde todos possam jogar sem o medo de serem insultados por causa de sua cor de pele.

Eu quero simplesmente estar tranquilo para jogar e saber que não vou ser insultado em campo porque sou preto. Não creio em um mundo sem racistas, mas eles devem virar uma minoria. As próximas gerações não podem pensar que é normal ser assim.” – Vini Jr.

O Caso em Valência e a Resistência da La Liga

Vinicius Jr. não poupou críticas à LaLiga, afirmando que o racismo no futebol não é abordado de maneira eficaz pela organização. O jogador lembrou o incidente ocorrido no estádio Mestalla, casa do Valencia, onde foi alvo de ofensas racistas. Ele argumentou que a liga deveria tomar medidas mais severas para punir tanto os torcedores racistas quanto os clubes que não agem contra esse tipo de comportamento.

Em Valência, um grupo inteiro num estádio insulta um jogador, e no jogo seguinte o clube pode jogar normalmente, com a sua claque, sem perder pontos, sem sanções? A mudança virá daí.” – Vinicius Jr.

Um dos pontos mais marcantes desse episódio foi a reação do próprio Valencia, que exigiu uma retratação pública de Vinicius, alegando que não foi toda a torcida que o insultou. Vinicius questionou a lógica de permitir que um grupo de torcedores racista continue a apoiar sua equipe impunemente. Ele também apontou o dedo para a LaLiga, expressando sua insatisfação com a falta de ação eficaz contra o racismo.

A Lei Vini Jr. de Combate ao Racismo nos Estádios

A luta de Vinicius Jr. contra o racismo no futebol alcançou um marco significativo no Rio de Janeiro, onde uma lei foi instituída em sua homenagem, conhecida como a “Política Estadual Vini Jr de Combate ao Racismo nos Estádios e nas Arenas Esportivas do Estado.” Essa lei permite que qualquer cidadão denuncie condutas racistas a qualquer autoridade presente em um estádio, encaminhando a denúncia à organização do evento, à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) e às autoridades.

Além disso, na Espanha, o Ministério do Interior autorizou as forças de segurança a interromper partidas e até mesmo esvaziar estádios em casos de racismo e xenofobia. Essa medida é apoiada pelo presidente da Fifa, Gianni Infantino, que também defende a interrupção de jogos em situações de racismo.

Acompanhe a conta oficial do Vini Jr. no X (Twitter):

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